Em 2000, eu dirigia uma empresa que cuidava do problema do bug do milênio para baixa plataforma, microcomputadores e servidores de rede, tanto em hardware como em software, que poderiam ser afetados pela problemática da virada do ano de 1999, para 2000, quando alguns sistemas não entenderiam os 4 dígitos e portanto, alguns voltariam para 1900, já que usavam apenas os últimos dois dígitos.
Foi uma grande mobilização empresarial mundial. Centenas de milhares de dólares investidos em inventários, checagens, analises e correções de bancos de dados, códigos de programação, troca de sistemas, atualizações e reparos em geral, envolvendo até governos e suas inteligências, para proteger segredos de estado, arquivos confidenciais, e sobretudo, manter serviços básicos a população funcionando, caso a virada de ano, provocasse a paralização de maquinas, como previsto.
20 anos depois, não foram as máquinas que pararam. Nós tivemos que parar por um bug muito mais complexo, que afetou nossas vidas, nesta pandemia do COVID19, não prevista e tampouco, possível de ser solucionada como softwares.
O fim do mundo, que seria no ano 2000, pareceu esperar duas décadas. O mundo não vai acabar, mas não será o mesmo. O Bug real do milênio, veio para nos incomodar e nos transformar. Teremos que mudar nossos códigos, nossos hardwares e softwares. Teremos que rever nossos bancos de dados, a consistência de cada planilha, de tudo que for importante para manter a saúde de nossos negócios, de nossas comunidades, de nossas famílias. O novo corona vírus, impediu a proximidade física, mas não pode fazer o lockdown social. Vendedores precisam continuar presentes mesmo que distantes.
Há 20 anos, fiquei de plantão, bem no réveillon e dia do meu aniversário, já que nasci do dia 31.12. Como líder de vários projetos, diretor comercial responsável pelo sucesso de meus clientes, que nos contrataram para analisar e corrigir seus sistemas e dados, precisava garantir que tudo funcionasse. Foi um sucesso ou o problema não aconteceu. Era muito alarde para pouco impacto. Prefiro pensar que trabalhamos muito bem.
Agora, estou de plantão para fazer equipes comerciais funcionarem. Se as vendas “bugarem”, centenas de famílias serão afetadas. Na época eu usava um iceberg como forma de convencer meus clientes que o problema era mais profundo. Falava que softwares de gestão e de produção seriam possivelmente afetados. Hospitais poderiam ter seus servidores paralisados com o bug, e que até companhias aéreas poderiam ter problemas para voar, na virada do ano.
Este ano, aviões parados e hospitais lotados, confirmam o caos, esperado há duas décadas, por motivos diferentes, calculados, sistêmicos. Agora, sem nenhuma sistêmica, previsibilidade, capacidade de controle total, estamos em junho já, e não podemos mais esperar para mudar.
A mudança nos nossos hábitos veio para ficar. O mundo tem um novo normal. Nosso modo de operação terá que ser adaptado, mind set novo.
Sei que não somos máquinas, mas se seu ferramental (hardware) e seu modelo mental (software) não se adaptar e corrigir rapidamente a sua rota, não haverá saídas para seu negócio, seus colaboradores, suas vendas.
Todo mundo tem que pensar agora, mais do que nunca, em vender. Sem vendas, não há empregos, não há lucro, não há como sobreviver
O bug real está dentro da gente. Sem que tenhamos como controlar, mudamos ou mudaremos forçadamente. Está disposto a mudar, se preparar para o novo?